F1: O fator Verstappen na Red Bull
O RB21 está longe de ser uma carroça. Porém, enquanto a Red Bull tenta achar desempenho, Verstappen faz a diferença
"Vocês tem que ver o desempenho do carro por conta do meu companheiro e não do meu!"
A frase acima pode ser atribuida a quem?
a) Ayrton Senna em 1991
b) Max Verstappen em 2024 e 2025.
Originalmente, a afirmação foi um pouco mexida para não ficar tão na cara. Mas a frase é atribuida a Ayrton Senna em 1991, logo após o início da temporada e quando a Williams dava mostras do desempenho "de outro planeta". Entretanto, poderia ser tranquilamente de Max Verstappen.
Quem acompanha a F1 sabe que Verstappen chegou a dar declarações muito semelhantes a esta ano passado para defender Sergio Perez e depois Liam Lawson. Embora muita gente diga que a Red Bull trabalha em prol do tetracampeão, não dá para dizer que os carros tenham sido feitos exclusivamente ao seu gosto. Tanto que Perez conseguiu por várias vezes andar em um ritmo muito próximo ao de Verstappen.
Porém, os técnicos vão trabalhando em prol da aerodinamica. E a Red Bull neste regulamento mostrou um entendimento muito interessante. Mas desde 2024, a caracteristica do carro tendeu a ser muito mais nervoso e deixou Perez em uma situação muito complicada, com sua capacidade muitas vezes questionada. Verstappen consegiu se adaptar muito melhor e, principalmente no ano passado, conseguiu manter-se em condições de seguir andando na frente.
Nesta hora aparece a famosa fala de Alexander Albon fazendo a comparação do carro com um mouse extremamente sensível e como Verstappen sabia se adaptar a esta situação. Porém, a Red Bull começou a se ligar na situação foi trabalhando para tentar tornar o carro menos arredio.
Pierre Waché ganhou o comando total do projeto, especialmente após a saída de Adrian Newey, e começou a focar no comportamento da traseira. Entretanto, a Red Bull começou a carta do tunel de vento antigo e problemas de correlação de dados como dificuldade para achar soluções mais rápidas.
O novo túnel de vento só deve ser concluido em 2026. Assim, o trabalho de acerto acaba sendo muito mais dependente dos dados de pista e das informações de simulador. Mesmo assim, o RB21 se mostra um animal muito diferente do que seus antecessores, embora seja um sucessor da linhagem e o DNA de Adrian Newey e do Neweyrismo estejam muito presentes. O carro desta temporada se mostra mais sinuoso e com uma traseira menos volumosa. Tudo para conseguir diminuir o arrasto e usar melhor os fluxos para tirar mais desempenho do difusor traseiro e do aerofólio, especialmente o elemento inferior, a beam wing.
A Red Bull este ano passou a ter um comportamento não tão bom com os pneus, mas os pilotos indicam que houve uma melhora. Só que funcionar em temperaturas mais baixas é melhor para o RB21. E o trabalho continuo para melhorar o arrasto vem dando resultado.
Só que entra o fator humano. Embora a F1 seja basicamente uma categoria para ver que faz o melhor carro dentro de determinadas regras, o piloto ainda tem peso. E aqui a habilidade de Verstappen faz a diferença. O que vem fazendo nas ultimas etapas, especialmente no Japão, confirma a visão de que é hoje o melhor piloto do grid. Desde o ano passado, a competência do piloto se sobrepôs à excelência da McLaren e garantiu mais um título.
Hoje, a Red Bull pode ser considerada refém do talento de Verstappen. Os taurinos acreditaram naquele jovem e o fizeram campeão. Agora, Verstappen é senhor de seu destino e não são poucos que acreditam que pode se aproveitar de brechas contratuais e sair do time que confiou nele anos atrás e hoje é a sua principal fundação, ainda mais diante de todas as saídas acontecidas nos últimos tempos na área desportiva e técnica.
Poderemos ver este ano Verstappen se igualando a Schumacher ganhando 5 títulos seguidos. E não serão poucas as vozes que ja o colocarão como postulante ao lugar de melhor de todos os tempos. Mas podemos dizer que está se colocando sim entre os principais nomes da F1. Aproveitemos o momento.
