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Lutadoras: mãe vende brigadeiro no trem para manter a filha no tatame em SP

Com 11 anos, garota de Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, vem despontando no jiu-jitsu, mas os custos são altos

27 jun 2025 - 06h37
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Resumo
Enquanto transitam por lotações, trem e metrô para irem aos treinos, mãe vende brigadeiros e empadas, enquanto filha mostra suas medalhas, suas credenciais e fala dos planos de carreira. Lutadora tem títulos nacionais, sul-americano, europeu e um bronze mundial.
Pietra e a mãe Bruna chegaram de lotação em Guaianases. Pegarão um trem, um metrô e outra lotação até o treino.
Pietra e a mãe Bruna chegaram de lotação em Guaianases. Pegarão um trem, um metrô e outra lotação até o treino.
Foto: Arquivo pessoal

A palavra “lutar” tem significado amplo para a família Terrolis, de Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo. De segunda a sexta, no trajeto feito em duas lotações, um trem e um metrô, a mãe Bruna leva a filha Pietra ao treino de jiu-jitsu, e no caminho vende brigadeiros e empadas para manter a atleta de 11 anos.

Pietra começou a treinar em 2023 no projeto social da Fiel Tiradentes. Rapidamente, começou a ganhar campeonatos estaduais, nacionais e sul-americanos. Foi campeã do Europeu Kids, em Portugal, e bronze em competição mundial, em Abu Dhabi, promovida pela Abu Dhabi Jiu Jitsu Pro (AJP).

Brigadeiro vendido no metrô Tatuapé. Passageiros se entusiasmam pela história de Pietra e registram o momento.
Brigadeiro vendido no metrô Tatuapé. Passageiros se entusiasmam pela história de Pietra e registram o momento.
Foto: Arquivo pessoal

Nas quatro horas que gastam no transporte, mãe e filha quase sempre conseguem vender as dez caixinhas de brigadeiro e as dez empadas. Custam R$ 10,00 cada e rendem R$ 200,00 por dia, bruto.

“No começo a gente vendia doce, bala, chiclete, pirulito. Um dia, do nada, a gente voltando no trem e a Pietra falou mãe, o que você acha da gente fazer brigadeiro? Fizemos, deu certo”, diz Bruna, também mãe de dois filhos mais novos que Pietra.

Entre lotações, trem e metrô, vendendo brigadeiros e empadas

Pietra se interessou por jiu-jitsu ao acompanhar o pai em um treino. Adorou. Com bolsa da Academia Gênesis, treina toda tarde, depois da escola. A mãe deixou as faxinas para acompanhar a filha no longo deslocamento.

Surpreendente terceiro lugar para uma lutadora com dois anos de esporte. Pódio em Abu Dhabi.
Surpreendente terceiro lugar para uma lutadora com dois anos de esporte. Pódio em Abu Dhabi.
Foto: Arquivo pessoal

“A gente pega uma lotação até a estação de Guaianases, do trem. Aí vai até o metrô Tatuapé. Faz baldeação, vai até a estação Engenheiro Goulart e pega outra lotação. Aí chega”, descreve Pietra.

“Se conseguir pegar um atrás do outro, leva uma hora e quarenta; se perder a lotação, demora umas duas horas”, diz a mãe, que faz as vendas durante o trajeto. A filha mostra medalhas e a plaquinha plastificada com informações e o QR Code para o Instagram.

Quanto custa o corre esportivo de Pietra

Para competir na Itália, no início deste ano, foram gastos R$ 12 mil só de passagem. “E eles cobram em euro”, lembra a mãe. Para Abu Dhabi, gastaram um pouco mais. A filha só pode viajar acompanhada, dobra as despesas.

Ao vencer a competição europeia em Portugal, Pietra fechou o ano passado em primeiro lugar na categoria.
Ao vencer a competição europeia em Portugal, Pietra fechou o ano passado em primeiro lugar na categoria.
Foto: Arquivo pessoal

A família faz vaquinha na internet. Os brigadeiros e empadas vendidos nestes dias pagarão a viagem para Los Angeles, em julho. É mais uma competição da International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF, uma das maiores federações da categoria, que não tem entidade mundial única.

O dinheiro das vendas “não tem sido suficiente”, diz a mãe. Seu marido, em silêncio até aquele momento, decide falar: “Parece que faz parte da cultura do Brasil não ligar para o esporte. Fala-se muito de segurança, educação, saúde, mas se nem essas áreas estão bem, o que dizer do esporte?”

Fonte: Visão do Corre
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