Canal da Transposição em Mauriti não tem água porque governo do Ceará não pediu liberação de fluxo
VÍDEO AFIRMA QUE SEDE TERIA VOLTADO AO NORDESTE, MAS CIDADE ONDE FILMAGEM FOI FEITA NÃO PASSA POR DESABASTECIMENTO; RESERVATÓRIOS DA REGIÃO TÊM NÍVEIS SATISFATÓRIOS
O que estão compartilhando: que os canais da Transposição do São Francisco estão sem água em Mauriti (CE) e que a sede voltou ao Nordeste brasileiro.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Assim como as cascatas da Barragem de Jati (CE), os canais em Mauriti estão sem água porque o governo cearense ainda não pediu água da Transposição ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) em 2025. Os reservatórios da região estão com volume médio de água armazenada de 62,95%. Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), o município de Mauriti é "plenamente abastecido por uma bateria de poços e não passa por problemas de desabastecimento atualmente".
O Verifica procurou o autor do vídeo, mas não recebeu resposta até o fechamento deste texto.
Nível dos reservatórios é satisfatório, apontam dados
De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará, nenhum município do Estado está em racionamento de água atualmente. Questionada como o município de Mauriti é abastecido, a Cogerh explicou que a cidade recebe água de uma cadeia de poços e que não há desabastecimento por lá.
Uma das razões para que o Ceará não tenha solicitado água da Transposição é o fato de os principais reservatórios do Estado estarem com níveis satisfatórios, como é o caso do Castanhão e do Orós, que atingiu 100% do volume recentemente, o que não acontecia há 14 anos.
O canal da Transposição que passa por Mauriti, além disso, fica entre os reservatórios de Boi II (com 50% da capacidade de armazenamento) e Morros (18% da capacidade). Os reservatórios do Eixo Norte, como um todo, estão com acumulação média de água de 74%, de acordo com o MIDR.
O município conta, também, com dois açudes dentro de seus limites: o Quixabinha está com 14,01% da capacidade, o que é considerado um volume crítico, conforme este mapa da Cogerh. O outro açude, chamado Gomes, tem 61,62% do volume, o que é considerado uma situação confortável. Próximo dali fica o açude Atalho, com 52,41% do volume acumulado, também tido como um volume confortável.
Se considerado o volume médio de todos os açudes da região hidrográfica do Salgado, onde fica Mauriti, o acumulado nesta quinta-feira, 15, era de 62,95% da capacidade de armazenamento.
Nesta mesma região, de fevereiro a maio, choveu uma média de 400,1 a 700 mm, de acordo com dados preliminares da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
