COP-30 em Belém: hospedagem chega a até R$ 2,2 milhões pelos 11 dias de duração da cúpula
Preços preocupa delegação de outros países e empresários que pretendem participar a primeira cúpula sediada no Brasil
BRASÍLIA - Com oferta limitada de hospedagem para a Cúpula das Nações Unidas (COP-30) em novembro, casas e hotéis na cidade de Belém, que será sede do evento, subiram drasticamente o preço da locação. O preço total de locação em algumas unidades durante os 11 dias de COP pode chegar a até R$ 2,2 milhões.
Mesmo em cidades vizinhas da capital paraense (como Ananindeua, que fica a 21km de distância) os preços estão altos, podendo chegar a R$ 600 mil (R$ 53,4 mil a diária de uma casa que acomoda até duas pessoas). O aplicativo especial para quem está procurando onde ficar na cidade teve contratação divulgada com atraso.
Uma das unidades mais caras, que está custando R$ 2,2 milhões durante toda a COP, tem a diária de R$ 202.958. É uma casa de 800 m², dois quartos, com duas camas de casal e uma cama individual, piscina, varanda e terraço. O lugar está a 14 km do Mercado Ver-O-Peso e a quatro quilômetros do aeroporto de Belém.
Em abril, a organização da COP-30 divulgou que Belém tem capacidade de cerca de 36 mil leitos. O número leva em conta acomodação em hotéis, aluguel por temporada e navios de cruzeiro.
Em nota, o Palácio do Planalto e o governo do Pará dizem atuar em parceria para ampliar opções de hospedagem. O Estado cita o incentivo à reforma de hotéis e as obras para quatro novas unidades, a adaptação de escolas que funcionarão como hostel e vagas em navios.
Os navios do tipo cruzeiro serão contratados pelo governo federal, que afirma criar "soluções para hospedagens de diversos padrões".
Por essas mesmas motivações logísticas, o governo federal decidiu antecipar a cúpula de chefes de Estado para a COP-30. Esse encontro, que geralmente ocorre nos dois primeiros dias do evento, foi antecipado para acontecer na semana anterior do início oficial. A COP ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro.
"Isso nos dá tempo para uma reflexão mais aprofundada, sem a pressão da rede hoteleira ou da cidade, além de ajudar a organizar melhor a abertura oficial do evento", disse Valter Correia, em março.
O Estadão mostrou neste domingo, 25, que telegramas trocados entre embaixadas brasileiras durante os meses de janeiro e abril mostram críticas a saturação das vagas em hotéis em Belém.
A embaixada do Brasil em Pequim registrou em telegrama que representantes do Ministério de Ecologia e Meio Ambiente da China questionaram uma série de pontos sobre a infraestrutura na COP-30. "Afirmaram que têm encontrado grande dificuldade em reservar hotéis, os quais apresentam baixa disponibilidade e preço muito elevado", relata a embaixada.
O CEO da Climate Action, entidade voltada para ações do setor privado pela sustentabilidade, Nick Henry, é mencionado pela embaixada do Brasil em Londres ao compartilhar temores do empresariado.
Conforme a carta de março, Henry relatou "que vários CEOs e representantes do setor privado estariam considerando desistir da participação devido à falta de acomodação". O texto cita queixas para ter informações sobre "a disponibilidade de hospedagem alternativa, como cruzeiros, escolas e vilas militares".
