Hamas anuncia libertação iminente de um refém israelense com cidadania norte-americana
O Hamas anunciou que irá libertar nesta segunda-feira (12) Edan Alexander, um refém israelense de 21 anos que também tem cidadania norte-americana. Este é o motivo da viagem de Steve Witkoff, o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, que chegou nesta segunda-feira (12) a Israel. Edan Alexander é o último refém com cidadania norte-americana que está vivo na Faixa de Gaza
O Hamas anunciou que irá libertar nesta segunda-feira (12) Edan Alexander, um refém israelense de 21 anos que também tem cidadania norte-americana. Este é o motivo da viagem de Steve Witkoff, o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, que chegou nesta segunda-feira (12) a Israel. Edan Alexander é o último refém com cidadania norte-americana que está vivo na Faixa de Gaza
Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel
A libertação é avaliada como um gesto de "boa vontade" do Hamas ao presidente americano Donald Trump, que viaja nesta segunda-feira para o Oriente Médio. Esta será a primeira viagem internacional do seu segundo mandato.
Trump vai participar de uma cúpula na Arábia Saudita, nesta terça-feira (13) e visitará os Emirados Árabes Unidos e o Catar, mas não irá a Israel.
Na Arábia Saudita, a expectativa é que os Estados Unidos fechem um pacote de venda de armas que pode ultrapassar os US$ 100 bilhões, segundo a agência Reuters.
A visita é cercada de expectativas em meio ao conflito entre Israel e Hamas e a uma nova possível corrida nuclear regional, além do descontentamento com a posição de Israel.
O Oriente Médio é uma "pedra no sapato" da administração Trump porque traz problemas ao papel "pacificador" anunciado pelo presidente norte-americano em seu discurso de posse há quase quatro meses. Para além de Israel e Hamas, Trump precisa lidar com os rebeldes houthis no Iêmen e com o programa nuclear do Irã.
Há muita especulação sobre a possibilidade de anúncios de acordos militares, econômicos e até grandes mudanças políticas.
No último dia 6 de maio, Donald Trump recebeu o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, na Casa Branca. Ele disse que durante a cúpula na Arábia Saudita faria "um anúncio muito importante".
Segundo o Canal 12 de Israel, nessa reunião o funcionário norte-americano teria informado que o presidente Donald Trump pode seguir adiante e assinar um acordo estratégico com a Arábia Saudita mesmo sem o envolvimento de Israel.
Um ponto importante: segundo informações obtidas pela RFI e confirmadas também por agências de notícias, é possível que os Estados Unidos aceitem que a Arábia Saudita estabeleça o seu próprio programa nuclear para fins civis.
Os governos anteriores dos EUA condicionavam o apoio a este projeto nuclear saudita ao estabelecimento de relações diplomáticas com Israel. Trump pode mudar essa posição histórica dos EUA.
A Arábia Saudita tem planos de construção de um reator nuclear em meio à disputa regional com o Irã, que também mantém o seu próprio programa atômico e que é um rival geopolítico não apenas de Israel, mas dos sauditas e das monarquias do Golfo Pérsico, casos de Emirados Árabes Unidos e Bahrein, por exemplo.
Durante a visita, o presidente norte-americano também deverá se reunir com o presidente da Autoridade Palestina, Mahnoud Abbas, e com os presidentes do Líbano, Joseph Aoun, e da Síria, Ahmed al-Sharaa, segundo o canal de TV egípcio Al-Ghad.
"Chaleira elétrica"
Uma fonte em Israel ouvida pela RFI comparou o presidente norte-americano a uma "chaleira elétrica" que esquenta e esfria com rapidez. Ou seja, sob a perspectiva israelense, Trump é capaz de ameaçar atacar o programa nuclear do Irã e, na sequência, anunciar negociações diretas com o país, como fez durante a visita do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a Washington, em março.
Segundo fontes ouvidas pela RFI, a preferência de Trump era chegar à região com a situação na Faixa de Gaza mais estável, mas isso não aconteceu. Ao contrário, Israel ameaça expandir a ofensiva militar e já controla cerca de 50% do território.
Os Estados Unidos, no entanto, procuram tomar passos para aliviar a crise humanitária no enclave palestino.
O embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee, anunciou que haverá a retomada da distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, interrompida há pouco mais de dois meses por Israel.
Segundo Huckabee, os detalhes serão discutidos nos próximos dias e a retomada do processo será realizada por empresas privadas norte-americanas.
Ainda de acordo com o embaixador, uma empresa privada será responsável também por direcionar os moradores palestinos para os locais de distribuição. O Exército de Israel não estará envolvido diretamente no processo, mas na proteção da área onde ele irá ocorrer.
"Os israelenses apoiam esse plano, eles querem que isso aconteça. Este é um plano humanitário iniciado pelo presidente Trump", disse.
Os Estados Unidos também têm demonstrado insatisfação com a atuação de Israel. De acordo com a imprensa israelense, Steve Witkoff, enviado especial para o Oriente Médio do governo norte-americano, deixou isso claro numa reunião com os familiares dos reféns israelenses.
"Queremos trazer os reféns de volta, mas o governo de Israel não está pronto para encerrar a guerra. Israel estende a guerra apesar de não vermos para onde mais é possível avançar", disse.
"É preciso chegar a um acordo. Existe atualmente uma janela de oportunidade que esperamos que Israel e todas as partes em disputa aproveitem. Estamos pressionando todos os intermediários e fazendo tudo para trazer os reféns de volta", acrescentou.