Expor menores de seis anos a eletrônicos afeta habilidades intelectuais, alertam especialistas franceses
Atividades com eletrônicos devem ser proibidas para crianças menores de seis anos porque "afetam permanentemente sua saúde e habilidades intelectuais", afirmam cinco sociedades científicas francesas em uma declaração publicada na terça-feira (29).
Atividades com eletrônicos devem ser proibidas para crianças menores de seis anos porque "afetam permanentemente sua saúde e habilidades intelectuais", afirmam cinco sociedades científicas francesas em uma declaração publicada na terça-feira (29).
O documento, um "apelo à conscientização coletiva" dirigido a "jovens pais, professores, educadores e pedagogos, cuidadores, tomadores de decisões políticas e a todos que se preocupam com a saúde das crianças", é assinado conjuntamente e publicado on-line pela Sociedade Francesa de Pediatria e pelas Sociedades de Saúde Pública, de Psiquiatria Infantil e Adolescente e de Oftalmologia, além da Sociedade Francófona de Saúde e Meio Ambiente.
A recomendação faz parte do relatório final de uma comissão sobre crianças e eletrônicos, publicado em abril de 2024, a pedido do presidente Emmanuel Macron. Mas as sociedades signatárias decidiram publicá-la isoladamente este ano para alertar sobre os problemas da exposição de crianças aos eletrônicos.
"Em 2025, não há mais dúvidas, e inúmeras publicações científicas internacionais estão aí para nos lembrar: nem a tecnologia dos eletrônicos, nem seu conteúdo, incluindo os supostamente 'educativos', são adequados para um cérebro pequeno e em desenvolvimento", afirmam.
Os especialistas lembram que, apesar de depender em parte de fatores genéticos, o neurodesenvolvimento é resultado principalmente das observações e interações ricas e variadas com o ambiente. Os seis primeiros anos de vida são fundamentais para este desenvolvimento, quando a criança explora o espaço guiado pelos pais, com muitos aprendizados motores, sensoriais e intelectuais fundamentais.
"Os eletrônicos, qualquer que seja sua forma — televisão, tablet, telefone — não atendem às necessidades das crianças" e, "pior, dificultam e alteram o desenvolvimento de seu cérebro", afirmam as sociedades científicas.
O documento cita observações feitas por profissionais de saúde e professores de creches e escolas, sobre os possíveis danos causados pela exposição regular às telas antes da entrada no ensino fundamental, como atrasos na linguagem, problemas de atenção e memória e agitação motora.
Eletrônicos e desigualdade social
O documento também sublinha que a exposição aos eletrônicos contribui para o aumento das desigualdades sociais porque, embora todas as origens socioeducacionais sejam afetadas, a exposição é maior em famílias mais pobres.
"Não se trata de diabolizar as ferramentas digitais e seu uso, mas há uma idade para tudo", enfatizam os especialistas em saúde, que pedem especialmente aos pais que "criem um ambiente favorável à saúde e ao desenvolvimento da criança", incentivando "atividades alternativas: leitura em voz alta, jogos — livres, de tabuleiro ou ao ar livre —, atividades físicas, criativas e artísticas".
O documento atualiza dessa maneira, a mensagem das autoridades de saúde na maioria dos países, que recomendam que menores de três anos não tenham acesso a eletrônicos. Para os especialistas, esta regra é "claramente insuficiente".
As instituições e o Estado têm um papel importante a desempenhar. "Porque a formação de todos os profissionais envolvidos na primeira infância, tanto cuidadores quanto professores, é essencial", salientam.
Eles recomendam campanhas de informação e conscientização em larga escala para o público em geral. "São necessárias intervenções de orientação dos pais, especialmente voltadas ao desenvolvimento de habilidades psicossociais, e a implantação de projetos educacionais específicos em creches", explica. "Iniciativas que ajudariam a devolver o poder de ação aos adultos que apoiam as crianças diariamente e com seus meios", conclui.
(RFI e AFP)