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Em plena guerra comercial de Trump, Argentina e FMI chegam a acordo técnico para um novo empréstimo

O acordo financeiro será por quatro anos, num valor total de 20 bilhões de dólares. Ainda faltam detalhes que só serão divulgados depois da aprovação final da diretoria nos próximos dias, mas agentes econômicos consideram o montante insuficiente e esperam uma mudança no esquema cambial.

9 abr 2025 - 08h03
(atualizado às 15h27)
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O acordo financeiro será por quatro anos, num valor total de 20 bilhões de dólares. Ainda faltam detalhes que só serão divulgados depois da aprovação final da diretoria nos próximos dias, mas agentes econômicos consideram o montante insuficiente e esperam uma mudança no esquema cambial.

O presidente argentino Javier Milei em Buenos Aires, em 1º de março de 2025.
O presidente argentino Javier Milei em Buenos Aires, em 1º de março de 2025.
Foto: AP - Rodrigo Abd / RFI

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou que chegou a um novo acordo técnico com a Argentina por um total de 20 bilhões de dólares pelos próximos 48 meses com o objetivo "de consolidar a estabilidade macroeconômica, fortalecer a sustentabilidade externa e gerar um crescimento sólido e mais sustentável num contexto mundial mais complexo".

"O acordo baseia-se nos impressionantes avanços iniciais das autoridades (argentinas) na estabilização da economia, respaldados por uma sólida âncora fiscal, responsável por uma rápida queda na inflação e por uma recuperação da atividade econômica e dos indicadores sociais", destacou o FMI, elogiando o primeiro ano do governo Milei.

Na nota oficial, o organismo multilateral de crédito explica que o acordo técnico será tratado pela diretoria nos próximos dias. Esse horizonte poderá ser na próxima sexta-feira (11), quando a diretoria do FMI se reunirá.

Negociações

As negociações entre a Argentina e o FMI começaram há mais de quatro meses, período durante o qual o governo argentino aprofundou o balanço negativo do Banco Central, cujas reservas têm sido usadas para conter a alta do dólar perante o peso argentino.

Apesar do superávit fiscal, o plano econômico do presidente Milei tem atravessado um momento crítico, pressionado pela falta de dinheiro com reservas negativas no Banco Central e pelas consequências da política tarifária de Donald Trump.

Com isso, o montante do acordo com o FMI servirá para a Argentina capitalizar o Banco Central, contendo a alta do dólar e a volatilidade financeira.

Desembolso inicial e esquema cambial

O governo argentino quer que os 20 bilhões de dólares sejam de livre disponibilidade para intervir no mercado de câmbio. Porém, o FMI não quer financiar a fuga de capitais do país promovida pela política do governo Milei que desvaloriza mensalmente a moeda numa taxa mensal (1%) bem inferior à inflação (2,4%), permitindo que investidores de curto prazo tenham alta rentabilidade em pesos, artificialmente valorizados perante o dólar.

O novo acordo com o FMI pressupõe uma alteração do esquema cambial que poderá passar dessa desvalorização administrada a um sistema de bandas cambiais, com pisos e tetos para a flutuação do peso perante o dólar, ou a uma flutuação da moeda argentina, controlada por intervenções do Banco Central

O montante do desembolso inicial e a velocidade dos demais desembolsos do empréstimo também permitiriam ao governo argentino diminuir ou mesmo eliminar os rígidos controles de câmbio e as restrições ao movimento de capitais, embora essas barreiras estejam servindo, neste momento, para impedir uma desvalorização do peso argentino como consequência da política protecionista da administração Trump.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, considera razoável que a Argentina receba um desembolso inicial de 40% do empréstimo (equivalentes a 8 bilhões de dólares), enquanto o governo argentino quer uma cifra superior aos 10 bilhões de dólares.

Risco de desvalorização

Os agentes econômicos consideram que os 20 bilhões de dólares do empréstimo total do FMI sejam insuficientes para eliminar as restrições cambiais e para manter a valorização artificial do peso argentino, prevendo, por isso, uma inevitável desvalorização da moeda argentina que o governo nega.

Uma desvalorização da moeda argentina teria impacto direto no aumento da inflação, principal bandeira política do presidente Javier Milei para uma vitória eleitoral nas legislativas de outubro, necessária para formar uma maioria capaz de avançar com reformas estruturantes.

Os 20 bilhões de dólares incluem o refinanciamento de 14 bilhões de dólares da atual dívida argentina, deixando apenas 6 bilhões de dólares como novo crédito. No entanto, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Corporação Andina de Fomento poderiam acrescentar, pelo menos, outros 10 bilhões de dólares em novos empréstimos.

O entendimento técnico entre a Argentina e o FMI precisa agora ser formalmente aprovado pela diretoria, que anteciparia para sexta-feira uma aprovação que só estava prevista entre os dias 21 e 26 de abril, um horizonte considerado distante depois das medidas de Donald Trump e da constante sangria dos últimos meses das reservas do Banco Central argentino.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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