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Comentários em redes sociais simulam censura e a atribuem enganosamente a Alexandre de Moraes

Apesar do tom de ironia, o comentário, por ser repetido com frequência, contribui para confundir o público sobre as ações de Moraes

26 jun 2025 - 17h19
(atualizado às 17h50)
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Resumo
Falsas notificações usam ironia para insinuar censura do ministro do Supremo Tribunal Federal

Diferentemente do que insinuam posts nas redes sociais, não há qualquer determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a remoção de comentários opinativos nessas plataformas.

Uma série de postagens e comentários em posts usam, de forma mentirosa, o símbolo “ⓘ”, comumente associado a alertas oficiais de redes sociais, para sugerir que o comentário foi removido por ordem judicial. Há um comentário usando o símbolo, seguido da frase “Comentário removido por determinação do Ministro Alexandre de Moraes”, inclusive em um post do Comprova sobre a Lei Magnitsky – não é verdade que o comentário do usuário tenha sido removido ou tirado do ar.

A publicação investigada também ironiza o conteúdo publicado pelo Comprova, que detalha uma audiência ocorrida em 22 de maio de 2025, na Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes dos Estados Unidos. Na ocasião, o deputado republicano Cory Mills apresentou ao secretário de Estado, Marco Rubio, críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes. Mills acusou o magistrado de promover uma “censura generalizada e perseguição política”, com supostos impactos não apenas sobre cidadãos brasileiros, mas também sobre pessoas que residem em território norte-americano. A frase “Comentário removido por determinação do Ministro Alexandre de Moraes” aparece em tom irônico, mas sem deixar claro que se trata de uma crítica satírica.

O Comprova apurou que essa mensagem é repetida em diferentes redes sociais ao menos desde 2024 e reaparece com frequência em momentos em que decisões judiciais relacionadas a plataformas digitais ganham repercussão. A frase reforça uma visão já difundida por setores políticos simpáticos ao bolsonarismo, que rotulam Moraes como “ditador”, após decisões que determinaram o bloqueio de contas envolvidas na disseminação de desinformação eleitoral. Apesar do tom de ironia, o comentário, por ser repetido com frequência, contribui para confundir o público sobre as ações de Moraes.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

O comentário na publicação do Comprova foi feito por um perfil privado no Facebook, e o autor não pôde ser identificado. Também não foi possível localizar outras redes associadas à mesma conta. No entanto, o mesmo conteúdo circula em postagens antigas no X, inclusive em agosto de 2024, durante o impasse entre Alexandre de Moraes e Elon Musk, dono da plataforma.

À época, o ministro ordenou a suspensão do X no Brasil após Musk se recusar a nomear um representante legal da empresa no país.

A reportagem tentou contato com a conta responsável pelo comentário, mas não obteve resposta até a publicação desta checagem.

Por que as pessoas podem ter acreditado

A repetição deste conteúdo com diferentes roupagens — seja como comentário irônico, legenda de imagem ou resposta sarcástica — ajuda a construir uma narrativa familiar e enganosa, especialmente entre os grupos mais críticos às decisões do STF. A ironia do texto e o uso de símbolos que imitam alertas oficiais de redes sociais tornam o conteúdo mais crível para parte do público, mesmo sem apresentar evidências de censura real. A escolha por uma fonte itálica serifada, diferente da utilizada pelo Instagram, reforça a ilusão de autenticidade, sugerindo que se trata de uma notificação oficial da plataforma.

O comentário enganoso ganha força diante das acusações de censura direcionadas ao ministro Alexandre de Moraes. Parte dessas acusações se apoia em decisões anteriores do ministro, como a de 2022, quando ele determinou a remoção de 135 conteúdos considerados desinformativos e que, segundo o STF, colocavam em risco a integridade do processo eleitoral.

Desde então, Moraes passou a ser alvo de críticas mais duras por setores da população, especialmente entre simpatizantes do movimento bolsonarista, que o rotulam como “ditador” e apontam as medidas como forma de perseguição política, ainda que elas estejam fundamentadas em decisões judiciais contra a desinformação.

Fontes que consultamos: O Comprova buscou no Google a frase e o símbolo usados na publicação enganosa, resultando em inúmeras postagens de diferentes redes sociais que contêm a mesma mensagem. Também foi analisado o conteúdo da matéria explicativa, que motivou o comentário investigado e, na sequência, pesquisa de reportagens da imprensa profissional que noticiaram as acusações de censura contra o ministro.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já evidenciou que é enganoso post que afirma que Alexandre de Moraes planeja “corroer a democracia por dentro” e já explicou as implicações da Lei Magnitsky, citada por secretário de Estado dos EUA como possível ferramenta de sanção a Moraes.

Notas da comunidade: Até o momento, as publicações com o falso comentário não foram notificadas pelo X ou pelo Instagram, e os conteúdos seguem disponíveis para os usuários.

Falsas notificações usam ironia para insinuar censura do ministro do Supremo Tribunal Federal
Falsas notificações usam ironia para insinuar censura do ministro do Supremo Tribunal Federal
Foto: Reprodução/Projeto Comprova

* Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada e mantida pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros --incluindo o Terra-- para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais.

Fonte: Redação Terra
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