'Seria mais fácil se tivessem conversado', diz Lula sobre acordo entre China e EUA por 'tarifaço'
O presidente deu entrevista coletiva durante o encerramento da agenda brasileira na China e falou sobre a resolução da guerra comercial.
Lula destacou a importância do diálogo entre China e EUA para evitar conflitos comerciais, elogiou a evolução socioeconômica chinesa e reforçou o papel do Brics na inclusão de países em desenvolvimento no cenário global.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o acordo entre China e Estados Unidos para mitigar o 'tarifaço' mútuo é uma 'demonstração, pura e simplesmente, de que tudo seria mais fácil se antes de anunciar de forma unilateral as taxações, os EUA tivessem conversado com a China'.
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Lula e comentário sobre a guerra tarifária
No encerramento da jornada brasileira pelo país asiático, Lula conversou com a imprensa na manhã de quarta-feira, 14, às 9h no horário local (22h de terça-feira, 13, no horário de Brasília).
Na coletiva, Lula foi questionado se tem na China 'um exemplo de como lidar com os Estados Unidos' e como o Brasil pretende usar a presidência do Brics como ferramenta de negociação no cenário internacional. O petista, então, citou o acordo firmado em Genebra, na Suíça, no último fim de semana.
"O acordo feito entre Estados Unidos e China é uma demonstração, pura e simplesmente, de que tudo seria mais fácil, se antes de anunciar de forma unilateral as taxações, os Estados Unidos tivessem conversado com a China. Seria muito mais fácil, muito mais simples, e muito menos penoso para o mundo", disse Lula.
O presidente brasileiro também declarou que os Estados Unidos, 'que se colocou como uma espécie de guardião, inclusive do livre comércio', deveriam saber da repercussão mundial ao implementarem as tarifas comerciais.
"Era preciso que se tivesse apenas cuidado. Esse acordo é uma demonstração de que 'tarda, mas não falha'. A sabedoria leva sempre à mesa de negociação", afirmou Lula, que também defendeu um cenário favorável ao diálogo comercial global.
"É por isso que defendemos a volta da OMC, é lá que a gente precisa discutir. Quando reconheci a China como uma economia de mercado, houve um alvoroço contra mim. Eu reconheci porque eu queria a China dentro da OMC, debatendo à luz do dia conosco, eu não queria a China na clandestinidade", afirmou.
"Então, a China não é um exemplo para o Brasil, é um exemplo para todos os países. É preciso que a gente encontre uma explicação sociológica de como um país consegue, em 40 anos, tirar 800 milhões de pessoas da fome, da mesma forma que tiramos, em 12 anos, 54 milhões de pessoas da fome e fomos reconhecidos pela ONU. Então acho que a China merece ser olhada com mais carinho e sem preconceito", disse.
Relevância do Brics segundo Lula
Na entrevista, o petista também falou sobre a relevância do Brics no cenário internacional e citou a presidência rotativa do Brasil, que sediará a próxima reunião da cúpula, entre 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.
"É outra novidade extraordinária desse século. É a primeira vez que a gente consegue fazer com que o sul global tenha quase a mesma quantidade de pessoas e, sobretudo, a mesma quantidade de PIB reunido. É o pensamento do agrupamento dos países ainda em desenvolvimento, alguns mais, outros menos, que querem se fazer respeitar na ordem mundial", disse o presidente.
"O Brics é a possibilidade da gente mudar um pouco a história para colocar os excluídos dentro do sistema político e econômico. Tenho certeza de que vamos realizar, no Brasil, no mês de julho, a melhor reunião dos Brics desde que foi criado", finalizou.