McLaren: Há motivos para comemorar o resultado de Imola?
Em uma análise inicial, Imola não foi tão ruim. Mas dadas a condição do MCL39 e as escolhas feitas pela McLaren, o resultado não entregou
Ao final do GP da Emilia-Romagna, a McLaren publicou em suas redes sociais algumas informações que não poderiam ser descartadas e serem vistas como algo ruim: seus dois pilotos chegaram no pódio (Lando Norris e segundo e Oscar Piastri em terceiro) e seguem na liderança do campeonato. Além disso, a McLaren ainda é lider do campeonato de Construtores, incluive ampliando a diferença para Mercedes e Red Bull.
Não seria motivo para que o time papaya saisse contente de Imola? Sim.
Só que a narrativa, embora não seja descolada da realidade, não demonstra o real sentimento da McLaren. Afinal, o time tinha total conhecimento de que o MCL39 tinha uma ótima perspectiva de seguir sendo o líder do grupo. Às vésperas de Imola, veio a notícia de que a FIA tinha verificado alguns aspectos do carro, especialmente na gestão dos pneus e dos freios. Inclusive voltou a conversa da presença de água nos pneus para ajudar na gestão da temperatura, que havia batido ponto na segunda parte da temporada passada.
Os treinos mostraram que a McLaren era o principal carro. Mesmo com a receita de pneus mais macios trazidos pela Pirelli mostravam que Norris e Piastri tinham as melhores condições na simulação de corrida feita no TL2. No sábado, Verstappen mostrou que a Red Bull poderia incomodar nos treinos, com as modificações trazidas para trazer mais estabilidade à traseira, dando resultados.Piastri conseguiu ser o mais veloz. Norris não conseguiu ir além, ficando em quarto.
A armada mclarista começava a ficar em perigo...
Imola é uma pista que só tem um unico ponto de ultrapassagem clara, que é a zona de DRS. Largar na frente é importante para a vitória. Piastri sabe que tem de se impor se quer vencer a prova. Quem quer que seja. E assim o fez, conseguindo até um bom pulo, mas se preocupando em travar Russell.
Isso faz o traçado normal da pista que chega à freada da Tamburello ficar loivre para Verstappen. Deixa a raposa tomando comnta do galinheiro é um problema sério. O tetracampeão usou a energia disponível, retardou a freada e se colocou ao lado de Piastri para ter a vantagem da segunda perna à direita para a tangencia e ganhar a liderança.
Neste momento, restou a paciência. Esta situação aconteceu antes e a McLaren viu a Red Bull perder terreno por não tratar tão bem os pneus e ganhar a posição quando das paradas de box. Lembrando que Piastri e Verstappen tinham largado com os pneus médios (C5). A previsão inicial da Pirelli era que estes pneus durassem entre 19 e 25 voltas.
Só que aparentemente a Red Bull do velho testamento parecia voltar a aparecer: Verstappen conseguia manter um ritmo decente e ia abrindo distância de Piastri. A esta altura, Norris se mantinha na quarta posição preso atrás de George Russell. A McLaren orientava seus pilotos a manterem uma certa distância dos carros da frente para que o ar sujo não fizesse os pneus se desgastarem demais...
Entretanto, aqui entrou um ponto que este espaço fala desde o ano passado: a McLaren tem que voltar a ter uma mentalidade vencedora, de equipe que luta por títulos. E em Imola mostrou que ainda não está pronta para isso....
Charles Leclerc antecipou a parada prevista visando escapar do tráfego e andar mais tempo com pista livre, indo para os boxes na volta 10. Na volta seguinte, Russell, que havia largado com médios usados, vai para os boxes. Aqui, a equipe de estratégia consulta Piastri sobre seus pneus e decide trazer o australiano para os boxes para tentar aproveitar a pista livre e se defender de um possível ataque da Mercedes.
Só que houve um ligeiro problema na hora do trabalho na roda dianteira direita, fazendo Piastri perder tempo. Isso faz o australiano cair para a 12ª posição. Com isso, Norris assumia a segunda posição, mais de nove segundos atrás de Verstappen, sem conseguir se aproximar da Red Bull. A esta altura, a corrida já se mostrava à feição de Max Verstappen.
Com a adoção do Carro de Segurança Virtual, a situação ficou complicada de uma vez, já que Verstappen aproveitou para fazer a sua troca e ir com o jogo de pneus duros até o final. Norris parou uma volta antes de Verstappen e a McLaren trouxe Piastri para os boxes na volta 30 de modo a tentar igualar o jogo e aproveitar a perda minima de tempo. Nao deu certo.
A partir daí, a torcida da McLaren era que acontecesse algo com Verstappen. Fora isso, não havia o que fazer. Houve a entrada do Carro de Segurança real na volta 46 por conta da parada de Kimi Antonelli, o que fez a Red Bull entrar novamente nos boxes. Norris também entrou, mas usou um jogo de pneus duros (C4) já usados, enquanto Piastri teve que se arrastar até o final porque não tinha mais nenhum jogo de pneu novo disponível para uso.
No fim, Norris passou Piastri e chegou em segundo, garantindo o restante do pódio para a McLaren. Diante do quadro, não foi tão ruim. Só que Verstappen tem conseguido se aproveitar dos momentos que que a dupla de Zak Brown pisca os olhos ou a equipe acaba por cometer erros estratégicos. Foi assim que a segunda parte de 2024 se desenrolou e a McLaren parece não ter aprendido com os fatos.
Ainda não é motivo para pânico, mas as luzes de alerta em Woking devem começar a acender. Título de Construtores é ótimo para as finanças, mas ter um piloto campeão projeta muito mais a marca e atrai mais parceiros ainda. Zak Brown sabe disse e deve redobrar seus cuidados. Pódios são bons, mas quando seu concorrente se aproveita de suas falhas...pode ser tarde demais.
