Raízen assina memorando com SAFPAC para combustível sustentável de aviação, diz governo
A Raízen, uma das maiores produtoras de etanol do mundo, assinou nesta terça-feira com a SAFPAC, de Hong Kong, um memorando de entendimento voltado à produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) na região Ásia-Pacífico, de acordo com nota do governo brasileiro.
O etanol brasileiro seria o insumo principal da produção de SAF, conforme comunicado do Ministério de Minas e Energia, em momento em que a aviação global busca alternativas para descarbonizar suas operações e a indústria do biocombustível nacional quer expandir mercados.
A parceria assinada prevê o fornecimento de etanol da Raízen, inclusive o de segunda geração (produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar) para ser processado pela tecnologia Alcohol-to-Jet (ATJ), capaz de converter o biocombustível em querosene renovável de aviação, afirmou a nota do governo.
A SAFPAC lidera projetos na Ásia focados na substituição de combustíveis fósseis por alternativas de baixo carbono, segundo o ministério.
O memorando não cria obrigações contratuais de compra e venda, "mas representa um primeiro passo para aprofundar as negociações comerciais e técnicas entre as partes", conforme o governo.
A partir do memorando, a expectativa da empresa asiática é que a parceria com o Brasil ocorra em três fases. A primeira, entre 2025 e 2026, possibilitando uma demanda de 170 mil toneladas de etanol por ano. A segunda entre 2027 e 2029 e a terceira entre 2030 e 2033 seriam com 285 mil e 500 mil toneladas anuais, respectivamente.
Procurada, a Raízen afirmou que não comentaria a informação.
O comunicado do ministério cita ainda que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou do evento da assinatura do memorando, na China.
Na véspera, o governo brasileiro informou que, como parte dos acordos assinados durante a viagem de Lula à China, foi acertado que empresa chinesa Envision investirá US$1 bilhão na produção de SAF a partir da cana-de-açúcar no Brasil.
ACORDO COM CHINA
Paralelamente, por ocasião da visita de Lula, o governo brasileiro assinou com o da China nesta terça-feira um acordo que visa a abertura do mercado chinês para o etanol brasileiro, em momento em que o gigante asiático está em fase de implementação da mistura de 10% do biocombustível na gasolina, informou o Ministério de Minas e Energia em nota.
Ao comentar o assunto, o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Evandro Gussi, disse que o memorando assinado entre Brasil e China representa um passo importante no fortalecimento da agenda bilateral de transição energética e abre caminho para a construção de um novo mercado estratégico para o etanol brasileiro.
"A indústria brasileira tem plenas condições de atender a um eventual aumento na demanda, com uma cadeia produtiva madura, sustentável e com capacidade de escalar a oferta", declarou ele.
