Chilique exagerado do ecochato Afonso endossa simpatia do público por Odete
Cena teve excelente atuação de Humberto Carrão, mas ressalta a falta de carisma do personagem em ‘Vale Tudo’
No capítulo de quinta-feira (22), Afonso regurgitou ofensas aos gritos contra Odete Roitman. Chegou a compará-la a um câncer.
O desabafo aconteceu após ele perceber que a mãe flertou com seu preparador físico. Pareceu ciúme de filho mimado e crise de macho inseguro.
Humberto Carrão entregou desempenho consistente na explosão emocional, porém, a cena ressaltou a razão da antipatia de parte numerosa do público com o herdeiro.
Afonso é um ecochato. Assemelha-se aos extremistas que se acham únicos donos da razão e salvadores messiânicos do planeta.
Ele trabalha pouco, usufruiu do luxo pago pela mãe e a tia Celina, e ainda tem atitudes de boy tóxico com a namorada Solange, exigindo ser prioridade na vida dela.
Como torcer por um tipo quase desagradável?
Falta coerência e carisma. A irmã, Helena, é igual: perdida na vida, encostada na família e achando que o mundo gira em torno de seu umbigo.
Por isso, tanta gente vibra com as críticas irônicas de Odete contra os filhos. O que seria crueldade de uma ‘mãe monstro’ em 1988 hoje é um discurso compreensível.
Numa cena histórica da versão original, a empresária define Afonso como “eterno adolescente, incapaz, cheio de ideias cretinas, sem nenhum senso prático”. Falou alguma mentira?
Ok, o pensamento pró-sustentabilidade é importante para a preservação da humanidade e fundamental à imagem das grandes empresas, mas o jovem Roitman excede na militância, fazendo seu discurso parecer ‘mimimi’. Quando radical, o politicamente correto afugenta ao invés de atrair.
Em outros tempos, Afonso seria o mocinho da trama, o homem ideal. Hoje, atualizado no roteiro, representa o hétero falsamente desconstruído, a elite com sentimento de culpa, o gênio incapaz de perceber o golpe explícito de uma vigarista. Impossível ser solidário a ele.
