Morre Jill Sobule, voz de "Supermodel", aos 66 anos em incêndio
Artista marcou gerações com trilha sonora de clássico dos anos 90
Jill Sobule, cantora e compositora que ajudou a moldar o som dos anos 90 com hits cheios de personalidade, morreu nesta quinta-feira, 1º de maio, aos 66 anos, vítima de um incêndio residencial em Minneapolis, nos Estados Unidos.
A informação foi confirmada pelo empresário John Porter à revista Variety, que lamentou profundamente a perda da artista.
"Jill era uma força da natureza e defensora incansável dos direitos humanos. Perdi uma cliente e uma amiga. Espero que sua música, memória e legado inspirem outras pessoas", declarou ele, com emoção.
A morte trágica da artista interrompe uma trajetória de mais de 30 anos dedicada à música autoral, à liberdade criativa e ao ativismo.
Sobule deixa um repertório que vai além dos seus maiores sucessos, como "I Kissed a Girl", lançada em 1995 (não confundir com o hit posterior de Katy Perry), e a icônica "Supermodel", que integra a trilha sonora do cultuado filme adolescente As Patricinhas de Beverly Hills, estrelado por Alicia Silverstone.
Natural de Denver, no Colorado, Jill Sobule iniciou sua carreira em um mercado musical ainda engessado por padrões de comportamento e estética.
Mas foi justamente ao não se encaixar nesses moldes que ela se destacou. Seu primeiro grande sucesso, "I Kissed a Girl", causou impacto ao tratar, de forma leve e confessional, de temas que ainda enfrentavam resistência especialmente no pop mainstream da época.
Já em "Supermodel", sua ironia afiada deu o tom da sátira ao universo fashion e à pressão estética vivida por adolescentes, eternizando sua voz entre gerações que cresceram ouvindo a trilha de Clueless.
Sua música, embora divertida, sempre trouxe um pano de fundo crítico, desafiando normas de gênero, sexualidade e comportamento. Jill foi, antes de tudo, uma artista que ousava dizer e cantar o que muitos silenciavam.
Além das canções mais conhecidas, ela lançou 12 álbuns ao longo de sua trajetória e se aventurou no teatro musical com a obra F** 7th Grade*, de caráter autobiográfico, recebida com entusiasmo pela crítica.
Também deixou sua marca no público mais jovem com a composição do tema da série Unfabulous, da Nickelodeon, revelando uma versatilidade rara entre os artistas de sua geração.
Jill Sobule: Agenda cheia e planos interrompidos abruptamente
Mesmo aos 66 anos, Jill seguia ativa e produtiva. Tinha um show marcado para o dia seguinte à sua morte, no tradicional Tuft Theater, da Swallow Hill Music, em sua cidade natal. O espetáculo seria mais um momento para celebrar sua carreira, que transbordava identidade, coragem e humanidade.
A perda repentina de Jill Sobule deixa uma lacuna no universo da música alternativa e independente. Ela foi uma voz importante em tempos de transformação cultural, uma artista que não apenas cantava mas questionava, provocava e inspirava.
Sua morte marca o fim de uma jornada artística singular, mas seu legado resiste nas trilhas sonoras que seguem tocando, nos fones de ouvido e nos corações de quem cresceu com seu som rebelde e doce.
Mais do que uma cantora pop, Jill foi uma cronista musical de seu tempo e, como toda boa cronista, deixa sua marca onde realmente importa: na memória coletiva.